E Eu Nada Posso Fazer...

... Agora Que Com Mel Regaram as Flores do Jardim do Desespero.

Há 7 anos atrás eu tinha 15, e escrevi uma canção que era pra mim o meu ponto alto em termos de evolução criativa. Achei o máximo quando terminei. Tava tudo ali, o que eu queria dizer, o meu modo de ver o lirismo, uma poesia bonita e impactante, bem do jeito que eu gostava. Nem sei se mudei tanto. Hoje quando eu leio até me envergonho de tamanha pieguisse, mas o sentimento em tocar e cantar perdura, e eu ainda sei exatamente porque escrevi, e o que eu queria dizer pra mim mesmo. Mudei alguns detalhes várias vezes, e se preciso for ainda vou mudar quando achar que convém. Lembro também que já foi tocada com muito mais violência do que é hoje, por uma bandinha que me mata de saudade sempre que eu lembro daquele tempo. A letra, como não poderia deixar de ser, foi escrita em dois tempos. Hoje ela é assim:


Eu Nada Posso Fazer, Agora Que Com Mel Regaram as Flores do Jardim do Desespero

Sozinho, sentado em um jardim, à espera de que as flores
possam lhe explicar algum dia a razão de tanta dor.
Nem mesmo o caminho qual percorreste a pouco
está fresco em sua memória, que agora

já não pode imaginar, não consegue acreditar
que exista um lugar onde possamos viver bem,
sem termos que nos preocupar se amanhã vamos acordar,
ou se teremos forças pra caminhar ao lado de alguém.

Pra nunca mais dizermos que
flores regadas com mel podem prorromper,
nesse jardim do desespero e da dor.

Um sonho não retorna mais.
Um passo pra frente, cinco pra trás...
E mesmo que eu queira, não tenho as chaves do subconsciente.

Talvez se lembre de quando tínhamos
o costume de caminhar por aqui sempre que chovia,
só pra vermos tais flores que então
caíam daquela árvore, a qual nem existe mais...
Da mesma maneira que a minha certeza de que você
nunca estaria mais distante que o normal.
E agora que eu sei que tudo aquilo foi um sonho
só me resta esperar e recordar o final.
De quando segurava a minha mão,
perguntando se aquilo algum dia teria fim.
Mas agora eu sei, tudo não passou
de uma ilusão criada pra entreter platéias que
possivelmente não estariam a torcer por nós,
nem por mais ninguém...