Sob o Olhar de Nêmesis


De começo, só pra te relembrar
não sou bom com as palavras
Dera eu poder te falar com os olhos,
mas a distância agora é plena
e por mais que eu estenda os braços,
daqui de cima tudo é tão (muito) pequeno

E quando a luz da lua ganha liberdade atrás do monte,
tudo que me resta é observar atentamente
Sua silhueta de algum modo me conforta
e o tempo vira detalhe... o externo é dispensável

E eu só me lembro do vento
porque vejo este a roubar-te
um beijo, após suspirar
E sorrindo, mesmo que você não perceba
o detalhe "tempo" pára

Ninguém além de mim te observa,
e me pego imaginando
que se Narciso aqui
pudesse presenciar
teu semblante ao caminhar
por margens de fontes como prata,
eu nunca mais iria precisar me preocupar
De onde estou, ficaria contente ao observar
E Eco jamais seria obrigada a repetir
o que de teus lábios eu nunca ouvi

Mas não foi essa a vontade dos deuses?
É que de fato, devaneios são mais que frequentes em noites claras,
ao ponto de tocarmos de leve a possibilidade de enxergarmos figuras desformes
Aceitável, então, cegueira, medo, ou qualquer coisa que atrase os planos do destino em nos socorrer, caso precisemos.
 
Porque é tarde, a cortina desce, e o tempo,
descongelado a muito, faz do
mantra mental uma vaga lembrança, bem como
tudo que hoje não mais importa

Erros cronológicos já não se fazem mais

Deixemos os rascunhos rabiscados bem pra trás

Sabe. É que às vezes me pego parado,
te olhando
escondido com o canto dos olhos