quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Começou com um panfleto...

Quer ver como as coisas evoluem? Analise. No meu outro blog eu havia postado duas vezes. Nesse já são três! Talvez no próximo blog eu poste quatro então.

Mas isso não importa também. Quer dizer, importa, mas não pra quem leu o título do post e pretende ler no mesmo algo que se relacione com o título. Talvez importe pra mim, ou talvez não.

Nada em especial pra falar de hoje em si, mas sim dumas reflexões que me atrevi a fazer, no longo caminho até a papelaria. Eu fui comprar uma borracha preta. Preta porque as brancas mancham a folha. Só por isso.

Uma coisa que eu sempre gostei de fazer (sem saber o real motivo disso) foi imaginar coisas absurdas. Não absurdas no sentido de impossíveis, mas absurdas no sentido de absurdamente inúteis pro momento, como fazer o caminho de volta da vida, e tentar pensar em como seria se algum detalhe não houvesse ocorrido. Hoje eu faço faculdade, administro o NACC e sou vocalista do No Many, mas nada, NADA disso era evidente a um pouco mais de um ano atrás. Então se você que está lendo isso nem imagina por que diabos acontecem exibições de anime numa escola municipal localizada no centro de Belo Horizonte, talvez agora entenda. Saiba, começou com um panfleto...

Nos idos de 2004, quando eu ainda estudava o 2º ano do ensino médio, naquele mesmo lendário colégio onde ocorrem as exibições, IMACO, já era modestamente reconhecido pelos outros por ser estranho. Claro, não eram muitos além de nós que liam gibi de trás pra frente em "pátio público". Reconheço que às vezes fazíamos muito mais que apenas ler os mangás, mas as pessoas notavam que era de lá, ou de algo bastante próximo, que provinha toda aquela loucura. Acredite se quiser, mas se hoje existe alguém que não suporte ouvir mais que cinco minutos de um bom Marvel x DC, naquela época não ouviria 30 segundos, acredite.

Tentávamos desenhar, inventávamos fanfics nas horas vagas, imitávamos personagens. De tudo um muito, até que o que nós pouco esperávamos foi anunciado. Cavaleiros do Zodíaco voltaria pra TV, e um misto de susto e ansiedade se fez presente no nosso "meio". A reestréia ocorreu, assistimos tudo feito loucos, e à partir daí o que pôde se notar foi algo nem tão inesperado assim. Estávamos presenciando um novo boom do anime no Brasil. De Cavaleiros sim, mas de um mercado inteiro. Revistas especializadas voltaram a vender feito água, enquanto novos títulos de mangás eram anunciados. Eventos passaram a ocorrer com mais freqüência (vide Anime Festival, que teve sua primeira edição nesse mesmo ano), e mais uma vez havia a esperança de que a TV aberta no Brasil pudesse estreiar novos animes (nos livrando das intermináveis reprises de Yu-Gi-Oh e Dragon Ball Z). E assim o ano acabou com novidades, principalmente pros fãs de Cavaleiros, que agora acompanhavam um novo mangá, Episódio G.

E em 2005 as novidades não pararam. No ramo editorial, vale lembrar da estréia da mais nova publicação especializada em cultura pop japonesa, a revista mensal Neo Tokyo. Publicação alguma desse tipo, com o preço de 5,90, sairia se não pudéssemos notar no mercado um novo impulso (até então, uma das poucas revistas especializadas que resistia, a Anime>Do, custava apenas 2,50), o que ilustra bem o que o ano de 2005 representou pro anime/mangá no Brasil. Notamos também o aumento considerável do número de eventos temáticos em todo o país. Como eu sempre repetia pros companheiros nerds na época: Cara, isso tá assustador!

E por falar em companheiros nerds, seria injusto não citar alguns deles. Eram vários que me acompanhavam desde quando entrei no IMACO, mas de todos, os mais evidentes da vez eram três. Alex, Jivago e Dornela, com esse último sempre apresentando resistência, mas sabemos, nerd que é nerd tem faro nerd. Porém, a história mais engraçada foi a do Alex. Eu nunca tinha visto o Alex no colégio, mesmo ele estudando lá em todos os anos que eu também estive. Ele diz que já tinha me visto (é que andei por aí com um cabelo "pouco convencional" durante um tempo, mas isso é papo pra outro post), mas mesmo que eu faça força, num lembro dele dijeininhum!

Claro, chegou 2005!

Era o começo do ano, e ele havia sido matriculado na mesma turma que eu, 3º A (A de Elite!). A gente ainda não tinha se falado, foi quando chegou o dia da primeira aula de Educação Física do ano. Rolava aquela concentração na garagem da escola, rumo à quadra do parque, e lembro dele estar perto de mim, quando comecei a brincar com outros amigos:

- Pois é, essa noite eu quase dormi com o capeta!
- Que isso Willian, tá maluco?
- De boa
- Andou bebendo é?
- Invocava satanás de tempo em tempo
- Puta merda, bebeu
- Cara, se eu bebi, foi o capeta que trouxe a cachaça
- Que que rolava?
- Ah velho, a gente invoca, ele aparece, cai na terra, daí pula bem alto pro céu com uma bola gigante de fogo nos pés, e depois dá um soco com as duas mãos na bola, arremessando pro chão de novo!

E então, aquele carinha que eu nunca tinha visto, muito menos conversado, emite o som inesperado:

- IFRIT?

- Ifrit!
- FF8?
- FF8!

E o recreio daquele dia passou, com nós dois tentando descobrir como alguém poderia achar Dragon Ball melhor que Cavaleiros. Como alguém poderia achar algum outro cavaleiro de bronze mais legal que o Hyoga, e vários outros pontos. Realmente, combinamos em muitos pontos! Alex é um cara bem foda!

Já o Jivago (Cavaleiro do Bago), eu já tinha visto, e já comprimentava (aqueles amigos de "oi com a cabeça"). Havíamos conversado algumas vezes, mas desconhecíamos o gosto por animes e mangás um do outro. Ele já era amigo do Alex, da mesma forma que eu era mais conhecido do Dornela. Esse sim, não enganava ninguém! Já tinha a ginga nerd desde aquela época (bem menos acentuada, vale dizer), mas lembremos do sempre decisivo faro nerd. O desgraçado já jogava ragnarok!

Passa tempo, tempo passa. O grupo dos malucos perto da grade, tocando violão, lendo aqueles gibis de trás pra frente, imitando golpes e emitindo urros assustadores se tornava quase a razão. Era como se ninguém pudesse nos ver, porque ninguém ligava mesmo, e nós muito menos. Tínhamos tudo que precisávamos, era o bastante! E foi nessa época que uma amiga nossa, Thuany, também nerdinha, veio com um panfleto do Programe BH, o qual eu também havia pego na escola. Nem sei se ainda sai, mas era um panfletinho com a programação cultural de BH, com as datas e horários das atrações. E foi nesse panfleto que descobrimos um novo passatempo pras sextas feiras à tarde. Exibições de anime numa sala de biblioteca. E é aqui que volto pro início do post...

E se não tivéssemos pego o panfleto?

Talvez nunca descobríssemos que coisas daquele tipo pudéssem ser reconhecidas como culturais o bastante para acontecer semanalmente em um espaço público, como a Biblioteca Pública Infato-Juvenil de Belo Horizonte. Claro, aquilo tudo era pra mim, até então, apenas diversão. Diversão, que à partir dali se tornou um sonho.

E se você, que conseguiu ler até aqui, ainda não sacou realmente a importância daquele panfleto, talvez consiga aumenos entender que foi através dele que, pela primeira vez, algumas palavras fizeram tanto sentido pra mim... algumas não, exatamente duas...


ANIME CLUBE


Esse é o Ifrit, foi ele quem me apresentou ao Alex, e o Alex à mim.



Droga! Ficou tarde e grande, talvez amanhã eu continue...

5 comentários:

faLLen disse...

orgulho de nossa consciência nerd \o/

ow, vocês todos não sabem que inveja eu tenho disso... passei todo o meu ensino médio controlando a minha nerdice e misturando-a apenas com a da minha irmã... por um milagre dos céus aparece uma mariana da vida para compensar um pouco, mas no geral amarguei uma vida de nerd recluso...

bom post, keep on drivin'

Rafael Almeida disse...

bill... agora cria uma WHAT IF ai... u.u


mas falando um pouquinho... minha vida nerd/colegial tb foi meio q "escondida" os 2 da minha sala q tb gostavam de animes e "revistinhas lidas de tras pra frente" soh queriam saber de estudar... e eu queria soh zuar o.O... intaum passava mais tempo com outros q curtiam coisas parecidas... jogos como CS... battlefield... age... entre outros... ^.^ (esses naum eram nerds)

Anônimo disse...

Puts to puto li essa merda toda e vc num falou de mim >.<
muito paia ... nem lembra das sextas q eu tomava sorvete e vc comia pão de queijo com pedacinhos crocantes de plastico né ?

Minha vida otaku/nerd sempre foi completa passei os ultimos 3 anos do ensino fundamental jogando magic no colegio, e o ensino medio jogando RPG e vendo animes \o/

Uruanno disse...

putz, passei meu ensino medio inteiro ocultando minha nerdisse/otakisse....
as poucas vezes que demonstrava era qndo levava um mangá pra aula pra ler... e todo mundo perguntava se era porno ¬¬'
soh no finalzinho do 3º ano, pouco antes da ferias, que conheci um kara q tbm era otaku, mas nem cv mto com ele....

eh povo, vcs taum me animando a cria um blog xP....

Nanda disse...

Bem no Ensino Medio a Nanda nao gostava de anime, ainda ria dos q gostavam, acho q era pq sempre boiava no assunto...(Tinha dia q ficava, Riku, Marco e Phillippe descutindo sobre as nerdisses da vida...)

Ow Riku, fala q a gente so ficava estudando nao q é mentira...So pq a Nanda, o Marco e o Phillippe sentava na frente???

So no finalzinho do 3°ano q fui ler Evangelion, ae apaixonei...

^^